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O novo território do Product Designer e o poder da 'Empatia Tática'

Ando percebendo algo profundo acontecendo nos times de produto. Não é apenas sobre as Inteligências Artificiais gerarem códigos ou layouts em segundos. É sobre o desaparecimento silencioso, e definitivo, das fronteiras que antes separavam design, engenharia e gestão de produto.

Essa mudança não é apenas técnica, ela é cultural, ela é estratégica. E, acima de tudo, ela exige 'Empatia Tática' (capacidade de compreender profundamente os outros, perceber o que realmente está guiando suas decisões) e usar isso para colaborar melhor, influenciar e construir soluções que façam sentido.

Chris Voss, ex-negociador do FBI e autor de “Negocie como se sua vida dependesse disso”, descreve Empatia Tática como a habilidade de reconhecer as emoções do outro lado e usar isso como instrumento de conexão e influência.
No novo mundo onde todo mundo é builder, constrói tudo com a IA, essa é uma das competências mais valiosas que um Product Designer pode ter.

Designers agora constroem. De verdade!

Durante anos, fomos educados para entregar wireframes, mockups e protótipos. Fluxos. Componentes. Handoffs. A implementação era… de outra pessoa (desenvolvedor).

Esse tempo acabou.

Ferramentas como Cursor, Lovable, v0, Claude e GPT assumiram uma nova função: elas removem o atrito entre intenção e execução.
Hoje, posso desenhar um fluxo no Figma pela manhã e, antes do almoço, pedir a um modelo de IA que gere a primeira versão funcional. Deixar isso 'deployado' em um ambiente teste já não depende de engenharia.

Mas isso não significa que designers “viraram devs”. Significa que o abismo entre o que pensamos e o que prototipamos encolheu.

E a consequência é clara: Designers agora são builders também.

Mas aqui entra o ponto estratégico: Construir mais rápido exige comunicar melhor ainda. Como comunicador a mais de 16 anos, vejo que a Empatia Tática é um diferencial, até porque construir sem alinhar expectativas é a forma mais garantida de desperdiçar velocidade.

Um designer que sabe entender medos, motivações e limitações do time, e navegar essas emoções, cria muito mais impacto do que o que apenas “gera telas e código”.

Engenheiros agora precisam fazer design

Quando a IA escreve a base do código, o papel do engenheiro muda. O que diferencia um engenheiro não é mais quantas linhas ele escreve, mas se ele tem sensibilidade de produto.

E essa sensibilidade… é design.

Engenheiros agora precisam:

  • Entender arquitetura de uso, não só arquitetura de software

  • Compreender estética funcional

  • Julgar heurísticas de usabilidade

  • Tomar decisões que antes eram “do designer”

Se antes designers tentavam “ensinar design” ao time, agora isso não é opcional: Design virou fluência essencial.

Para os designers seniores, há algo novo aqui, uma coisa importante que temos que compreender: Não basta entregar soluções. Precisamos ensinar mentalidade.

E ensinar mentalidade exige, novamente, Empatia Tática. Porque ensinar não é transferir conhecimento; é transferir compreensão. É se adaptar ao vocabulário, ao ritmo, às prioridades e até às inseguranças do outro.

Por fim, acredito que a empatia abre a porta, o design preenche o espaço.

A ascensão do Product Engineer e do Design Engineer

O que antes parecia uma variação de nomenclatura agora virou realidade. Times pequenos estão operando com híbridos de design, engenharia e produto, pessoas que conseguem:

  • Idealizar

  • Desenhar

  • Construir

  • Iterar

  • Medir

Tudo isso com apoio direto de IA.

Isso não elimina especializações, mas faz com que quem entende profundamente pelo menos duas disciplinas se torne extremamente valioso.

No meu ponto de vista, designers com bagagens estratégicas como, research, UX writing, service design, analytics e principalmente articulação, têm vantagem natural. Sabemos conectar pontos, visualizar estados futuros e criar narrativas.

Mas só isso não basta. No mundo dos builders, você precisa também:

  • Entender constraints técnicas

  • Raciocinar sobre arquitetura

  • Conhecer o impacto de decisões micro no macro

E, principalmente: influenciar decisões rapidamente.

Aqui, Empatia Tática não é soft skill, é ferramenta operacional.

É o que permite navegar em conflitos de escopo, defender o usuário sem soar ingênuo, negociar prioridades e alinhar expectativas entre disciplinas que estão cada vez mais sobrepostas.

Legal, mas e os PMs?

Com designers construindo e engenheiros tomando decisões de UX, o papel do PM muda.

Ele não desaparece, mas deixa de ser uma ponte, ou dependendo do profissional, um gargalo. Acontece que parceiros de verdade não servem de ponte; eles guiam o caminho.

PMs agora são:

  • Facilitadores de estratégia

  • Curadores de oportunidades

  • Moderadores de trade-offs

  • Líderes de direção, não de entrega

E aqui existe uma mudança cultural inevitável. Quando o time inteiro vira builder, PMs precisam usar muito mais empatia, para:

  • Desarmar conflitos

  • Dar clareza sem impor

  • Inspirar ownership

  • Defender prioridades sem microgerenciar

  • Criar alinhamento rápido, sem burocracia

É o que Voss descreve como “criar um clima em que o outro lado sinta que você realmente o compreendeu”.

No fim, isso nos leva a um novo modelo de time.

A dissolução das fronteiras

Designers constroem. Engenheiros projetam. PMs guiam. IA executa.

O time deixa de ser uma cadeia produtiva e vira um organismo integrado.

E, nesse organismo, Product Designers com visão estratégica e habilidade de empatia se tornam ainda mais essenciais, porque somos treinados para ser tradutores de intenção, mediadores de conflitos e arquitetos de experiência.

Nosso papel agora é, pensar como estrategistas e comunicar como negociadores. E é aqui que a Empatia Tática encontra seu lugar perfeito.

O novo arsenal do Product Designer

A IA democratizou 'o fazer'. O que diferencia não é mais velocidade, é direção, clareza e influência.

No novo mundo:

  • Designers que constroem são valiosos.

  • Designers que constroem e influenciam são indispensáveis.

  • Designers que constroem, influenciam e ensinam são líderes naturais.

Hoje, quando todos são builders, o verdadeiro diferencial não é apenas saber como fazer, mas como alinhar quem faz, e por quê.

Esse é o novo território da nossa profissão. E quem conseguir integrar técnica, IA e empatia estratégica terá um espaço privilegiado nos times de produto do futuro.

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